Rock in Rio acontecendo e você com certeza já ouviu alguém dizendo: “O que a Beyonce, Ivete Sangalo e a Pink estavam fazendo em um festival de rock?” ou então, “Pra que colocar pop, Rock in Rio já foi melhor”.
Para um festival que já teve como abertura da sua primeira edição em 1985 a célebre banda Queen, com o eterno Freddie Mercury protagonizando a música “Love of my life”, ter a participação de divas do pop não é exatamente o ideal.
Apesar do objetivo de criar um festival voltado para o rock, a primeira edição já lançou mão para bandas/cantores brasileiros como Alceu Valença, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens, Pepeu Gomes & Baby Consuelo, entre outros. Nas edições seguintes, a presença dos outros estilos musicais foi maciça, chegando a ter como atração a cantora Britney Spears. Apesar de sugestivo, o nome pode ter outro significado, que justificaria a falta de alinhamento. A palavra Rock pode significar “tremer, balançar” se foi intencional ou não, não podemos afirmar, mas neste contexto faz sentido a presença de outros gêneros musicais.
Com estes exemplos, creio que já foi possível demonstrar que a escolha do nome do festival, pelo aspecto de significado, não foi lá dos melhores já que restringiu a um determinado estilo musical que não foi suportado desde o princípio. Mas boa parte do conceito original ainda é carregado, pois apesar da influência de outros estilos, o principal ainda continua sendo o rock.
No entanto o significado do festival para o Brasil foi grande e a marca perdurou. Se lembrarmos do ano de 1985, podemos perceber o momento que o país estava no começo da transição da ditadura para a democracia. O criador, Roberto Medina, decidiu comemorar o momento de liberdade organizando um festival de rock.
Penso que neste momento a criação do nome não se deu apenas por um gosto musical que o criador tinha, mas também pelo fato do estilo estar frequentemente associado à rebeldia e a liberdade de valores comuns e caretas da sociedade, algo super a ver com o momento.
Com o passar do tempo e a vinda de outras edições, o festival tornou-se um case de marketing e branding muito interessante. A marca Rock in Rio tornou-se conhecida no mundo, respeitada e sinônimo de festival de música, e não um nome que faça referência a um estilo ou local específicos. Existe hoje uma extensão desta marca, o Rock in Rio Lisboa, que assim como no Brasil, tenta unir a tradição local com os astros do rock.
O evento, hoje representa diversidade musical e ponto de divulgação de marcas e entretenimento. A exemplo, o Rock in Rio de 2011 foi o primeiro a ter uma roda gigante na Cidade do Rock, neste ano de 2013 acontece um show de ativação de marcas, com destaque para o Banco Itaú que soube explorar bem o fato de ser patrocinador e além de espalhar materiais de comunicação pela cidade do rock, decorou a roda gigante, presente também nesta edição, e as pulseiras com a marca, que, em minha opinião, foi uma das sacadas mais geniais em eventos. Consiste em uma pulseira da cor laranja, característica do banco, e que emite uma luz da mesma cor, e esta luz fica piscando ao longo do festival, proporcionando um show de luzes nas noites do evento. Ação que instiga a lembrança da marca e que no final é levada para a casa pelos espectadores e fica em contato direto com estes durante o evento.
Isso significa que não é somente um festival de bandas e músicas, é a oportunidade de eternizar os momentos na memória e na vida das pessoas, basta ver o orgulho que tem as pessoas que assistiram a primeira edição, e junto com esses momentos a marca, como parceira ou facilitador daquela experiência.